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Papel da barreira intestinal nos quadros de sensibilidade alimentar

Brunno Falcão

2 min

4 de mai. de 2022

A barreira intestinal é composta por 3 camadas interdependentes, e são elas: a camada de muco, a camada de células epiteliais, e a camada interna que forma o sistema imunológico da mucosa. Elas fornecem uma barreira bioquímica e física à difusão de patógenos, toxinas e alérgenos do lúmen para o tecido da mucosa. Defeitos na integridade da barreira ativam de forma robusta as células imunes e causam inflamação crônica dos tecidos intestinais. Diante disso, quando a barreira é prejudicada, as moléculas inflamatórias, como as endotoxinas, podem atingir os diferentes órgãos através da circulação e desempenham um papel na patogênese até mesmo de distúrbios não intestinais, como doenças hepáticas alcoólicas e não alcoólicas, diabetes, obesidade e doença renal crônica. O aumento da permeabilidade da barreira intestinal ocorre através da desregulação da apoptose epitelial dos enterócitos, degradação de muco e aumento da permeabilidade paracelular devido à interrupção das “tight junctions”. O sistema de barreira intestinal depende de interações entre vários componentes de barreira, incluindo o muco, imunoglobulina A, peptídeos antibacterianos e “tight junctions”. Dentre esses componentes, as “tight junctions” constituem o principal determinante da barreira física intestinal. Elas são formadas pela montagem de várias proteínas localizadas na porção apical da membrana lateral do epitélio das células intestinais. Sendo assim, as interações entre regiões extracelulares das proteínas transmembranares de células regulam a passagem de moléculas. Quando a barreira intestinal não está preservada e há uma expressão reduzida das “tight junctions", ocorre o aumento da inflamação intestinal. A passagem de antígenos alimentares pela mucosa, desencadeiam uma cascata de atuação de células do sistema imune. Portanto, a saúde da barreira é crucial para redução dos sintomas desencadeados pelas alergias, sensibilidades e intolerâncias alimentares. Dentre os fatores envolvidos com o aumento da permeabilidade intestinal é possível destacar: Glúten, especialmente a gliadina do trigo; Toxinas bacterianas como o LPS.; Estresse emocional; Álcool; Medicamento anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs); Drogas supressoras de ácido estomacal. A barreira intestinal prejudicada está diretamente associada com a inflamação e piora dos sintomas das sensibilidades alimentares. Diante disso, estratégias como modulação da microbiota podem atuar na melhora do quadro clínico. Uma vez que metabólitos bacterianos afetam diretamente a integridade da barreira. Referências bibliográficas SUZUKI, Takuya. Regulation of the intestinal barrier by nutrients: the role of tight junctions. Animal Science Journal, [S.L.], v. 91, n. 1, jan. 2020. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/asj.13357. GHOSH S, Whitley CS, Haribabu B, Jala VR. Regulation of Intestinal Barrier Function by Microbial Metabolites. Cell Mol Gastroenterol Hepatol. 2021;11(5):1463-1482. doi:10.1016/j.jcmgh.2021.02.007