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Brunno Falcão

3 min

22 de jul. de 2024

Muitos já ouviram a frase "criança não tem colesterol alto",  porém isso não é totalmente verdadeiro. A dislipidemia é uma realidade entre crianças, sendo um fator de risco modificável . A genética contribui com 20%, enquanto os fatores ambientais representam 80%.  A aterosclerose, causada pelo acúmulo de placas de colesterol nas artérias, pode ser acelerada pela dislipidemia, aumentando o risco de doenças cardiovasculares na vida adulta, a principal causa de mortalidade global.   Tipos de Dislipidemias em Crianças   As dislipidemias podem ser primárias, como hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e hipolipidemia, ou secundárias, associadas a hábitos de vida, doenças e medicamentos . A hipercolesterolemia familiar é a forma mais comum na infância e está ligada a um significativo aumento no risco de eventos cardiovasculares precoces.   Papel dos Profissionais de Saúde   Os profissionais de saúde desempenham um papel crucial na modificação dos hábitos das crianças. A cada minuto, nasce uma criança com hipercolesterolemia familiar, causada por mutações que afetam os receptores de LDL , elevando tanto ele quanto o colesterol total. O departamento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceu diretrizes para o diagnóstico precoce , incluindo sinais de alerta como histórico familiar de doença arterial coronariana, obesidade, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.   Diretrizes para Triagem e Diagnóstico   Em relação à triagem, para crianças menores de 2 anos, não há indicação. Recomenda-se triagem seletiva entre 2 e 8 anos, triagem universal entre 9 e 11 anos, e triagem seletiva entre 12 e 16 anos.  A partir dos 17 anos, a triagem é universal . Este processo visa identificar causas, estratificar o risco cardiovascular e orientar a terapia.   O diagnóstico fenotípico deve considerar a história familiar de doença coronariana precoce e elevação do colesterol LDL. Testes genéticos são recomendados em casos de mutação genética parental ou morte precoce por doença coronariana .   Tratamento e Intervenção   O tratamento enfatiza mudanças no estilo de vida. A Academia Americana de Pediatria e a OMS recomendam que todas as crianças pratiquem atividade física moderada a vigorosa por pelo menos uma hora, três vezes por semana. Além disso, é crucial limitar o uso de telas eletrônicas, desencorajar o consumo de álcool e tabaco, e promover uma dieta com baixo teor de gordura saturada e rica em fibras solúveis . Para crianças com hipertrigliceridemia severa, a intervenção dietética é essencial.   Em relação à medicação, as estatinas  são a classe principal, inibindo a síntese de coenzima A e reduzindo a produção de lipídios . O objetivo é manter o LDL abaixo de 130 mg/dl, idealmente abaixo de 100 mg/dl . As resinas também são utilizadas, porém possuem muitos efeitos colaterais. Os fibratos são reservados para casos graves, mas podem causar miopatia quando associados às estatinas. Ácidos graxos Ômega 3 também são úteis, reduzindo os triglicerídeos em até 40% e aumentando o HDL em 6 a 17%. Prática Clínica Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos à dislipidemia em crianças, uma condição muitas vezes subestimada, mas com impactos significativos na saúde cardiovascular ao longo da vida. Assim, a identificação precoce através de diretrizes de triagem adequadas é crucial, especialmente para crianças com história familiar de doença arterial coronariana, obesidade ou síndrome metabólica. Por fim, o papel dos profissionais vai além do diagnóstico, envolvendo intervenções personalizadas que promovam mudanças no estilo de vida, como adoção de dietas balanceadas e prática regular de atividade física, além da consideração de tratamentos farmacológicos quando necessário, visando mitigar os riscos associados à aterosclerose e à saúde cardiovascular a longo prazo. Continue Estudando... Sugestão de Estudo: A Influência Genética na Resposta à Dislipidemia Sugestão de Estudo: Iodo: Por que é Importante na Infância? Sugestão de Estudo: Por que Suplementar Vitamina D para Crianças? Referências Bibliográficas: IZAR, Maria Cristina de Oliveira; GIRALDEZ, Viviane Zorzanelli Rocha; BERTOLAMI, Adriana; SANTOS, Raul Dias dos; LOTTENBERG, Ana Maria; ASSAD, Marcelo Heitor Vieira; SARAIVA, José Francisco Kerr; CHACRA, Ana Paula M.; MARTINEZ, Tania L. R.; BAHIA, Luciana Ribeiro. Atualização da Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar – 2021.   Arquivos Brasileiros de Cardiologia , [S.L.], p. 1, 27 set. 2021. Sociedade Brasileira de Cardiologia DENG, Xiangling; HE, Mengyang; HE, Danni; ZHU, Yuqing; ZHANG, Zhixin; NIU, Wenquan. Sleep duration and obesity in children and adolescents: evidence from an updated and dose⠳response meta-analysis.   Sleep Medicine , [S.L.], v. 78, p. 169-181, fev. 2021. Elsevier BV.