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Distúrbios Mentais: Quais estratégias seguir?

Brunno Falcão

4 min

24 de abr. de 2023

O cenário de saúde mental do mundo mudou junto com todo o padrão alimentar da modernidade. Estes, estão associados à alteração de comportamento, da microbiota intestinal e dos níveis de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro). Para que seja possível tratar os transtornos mentais, é necessário ajuste do padrão alimentar e do estilo de vida, de forma a utilizar a alimentação para promover a saúde mental . O estudo Global Burden of Diseases (GBD), publicado no The Lancet, iniciou parte dos estudos que influenciaram a psiquiatria nutricional. Após a sua publicação, outros pesquisadores passaram a investigar a respeito do assunto, sendo que os principais mecanismos encontrados nas pesquisas relacionadas aos distúrbios mentais foram a epigenética, a inflamação, o estresse oxidativo, a microbiota intestinal e a neuroplasticidade .  Table of Contents Toggle Inflamação nos Distúrbios Mentais Estresse Oxidativo nos Distúrbios Mentais  Microbiota Intestinal nos Distúrbios Mentais Ômega 3 nos Distúrbios Mentais Neuroplasticidade nos Distúrbios Mentais Prática Clínica Referências Bibliográficas Inflamação nos Distúrbios Mentais Uma série de estudos indicam a relação da inflamação com distúrbios mentais. No caso dos bebês, alguns fatores relacionados a essas alterações são o IMC gestacional da mãe e a obesidade paterna . Após o nascimento, o maior consumo de alimentos não saudáveis pode aumentar sinais externalizantes devido à ausência dos nutrientes necessários para que ocorra a adequada neuroplasticidade . Estudos também indicam que dietas com padrão saudável estão mais associadas à maior saúde mental , já as de cafeteria ao seu declínio. Além disso, o estado nutricional está fortemente associado ao diagnóstico de depressão e ansiedade ao longo da vida , sendo apresentado em uma curva em U, ou seja, tanto o baixo peso quanto a obesidade se associam da mesma forma.  Estresse Oxidativo nos Distúrbios Mentais  O estresse oxidativo que se desenvolve no corpo, também ocorre no cérebro. Neste caso, acontecem alteração do BDNF , que regula a sobrevivência e o crescimento dos neurônios, diferenciação celular, formação de sinapses, eficiência e a plasticidade sináptica, influenciando a memória e as funções cognitivas .  Nesse contexto, o exercício físico, antidepressivos e ambientes enriquecedores são capazes de aumentar a formação de BDNF , enquanto o envelhecimento, a doença de Alzheimer e o estresse crônico diminuem a sua formação. Ainda, o sistema antioxidante é essencial para o combate do estresse oxidativo, porém, este depende de nutrientes, como selênio, B2, cisteína, cobre, zinco e manganês . Caso esses nutrientes não estejam presentes na alimentação, é provável que a capacidade antioxidante do copo seja prejudicada.  Microbiota Intestinal nos Distúrbios Mentais Um assunto importante a ser tratado na psiquiatria nutricional é o impacto da microbiota intestinal, pois a partir da comunicação entre o cérebro e o intestino, observa-se produção de neurotransmissores que influenciam na saúde mental do indivíduo . Estudos mostram que o uso de probióticos é capaz de modular sinais e sintomas de distúrbios mentais , como esquizofrenias. Além disso, algumas pesquisas passaram a investigar a relação do transtorno do espectro autista (TEA) com as alterações gastrointestinais.  Portanto, sabe-se que caso um indivíduo tenha constipação e depressão, é necessário tratar a constipação para melhorar os sintomas psiquiátricos . Embora a associação entre enteropatias e certas condições psiquiátricas seja reconhecida há muito tempo, agora entende-se que os microrganismos intestinais representam mediadores diretos da psicopatologia .  Um estudo apresentado indicou que o padrão dietético ocidental tem o mesmo efeito do envelhecimento na microbiota intestinal e na neurodegeneração . Por fim, o uso de probióticos com múltiplas cepas mostrou efeitos significativos em casos clínicos com diagnóstico de depressão maior .  Ômega 3 nos Distúrbios Mentais Os indivíduos com saúde mental prejudicada costumam apresentar razões de ômega 6: ômega 3 mais altas e níveis mais altos de TNF-alfa . Portanto, para combater a inflamação crônica, é preciso garantir adequação dessa razão. O efeito do ômega 3 não é só sistêmico, mas também local. Neste caso, a suplementação de EPA parece ser mais interessante quando comparada à de DHA, isso porque o EPA mostrou regular a inflamação, com redução do TNF-alfa e e-coli, colaborando para a saúde mental, enquanto, de acordo com os estudos, formulações de DHA não tiveram alteração significativa.  Neuroplasticidade nos Distúrbios Mentais Em relação à neuroplasticidade, uma dieta com baixa densidade nutricional reduz o volume do hipocampo, o qual é responsável pelo aprendizado, memória e cognição . É comum que para esses casos sejam prescritos suplementos, como triptofano ou 5HTP . Entretanto, é preciso atentar-se que, embora o triptofano seja precursor de serotonina, no intestino, a microbiota pode utilizá-lo para outras vias, antes mesmo de ser absorvido, afetando a sua disponibilidade para a síntese de serotonina. Dessa forma, em casos de alterações gastrointestinais, é possível que ele nem seja utilizado para o metabolismo do hospedeiro . Além disso, quando há inflamação de baixo grau, o triptofano é desviado para a via das quinureninas, o que pode causar neurodegeneração . Em relação ao 5HTP, nenhum estudo incluiu medidas diretas de alteração em função serotonérgica. Prática Clínica Portanto, fica claro que não existe uma intervenção isolada quando o objetivo é promoção de saúde mental ou, até mesmo, manutenção. Sendo exigido que o nutricionista lance mão das diversas abordagens de suplementação citadas para o paciente. Referências Bibliográficas Sugestão de Leitura: Creatina na Saúde Mental da Mulher Assista ao vídeo na plataforma Science Play – O Impacto da Alimentação na Saúde Mental O’NEIL, Adrienne et al. A randomised, controlled trial of a dietary intervention for adults with major depression (the “SMILES” trial): study protocol . BMC psychiatry, v. 13, n. 1, p. 1-7, 2013. 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