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Benefícios do Emagrecimento na Obesidade

Brunno Falcão

5 min

20 de mar. de 2023

A obesidade é uma doença crônica multifatorial que está associada a riscos aumentados de várias outras doenças, as quais incluem o diabetes tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer, apneia do sono, subfertilidade e mortalidade. Dados da literatura preveem que o excesso de peso reduz a expectativa de vida em 2,7 anos em determinados locais. Devido a isso, intervenções de controle de peso e sua consequente redução estão associadas a vários benefícios para a saúde.  Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) “sobrepeso” e “obesidade” são definidos como IMC de 25 kg/m2 ou mais e 30 kg/m2 ou mais, respectivamente. No qual, na população mundial quase quatro em cada dez adultos (39%) estão acima do peso e mais de um em cada dez (13%) têm obesidade. Como comentado, o sobrepeso e a obesidade são responsáveis por uma carga substancial de doenças e estão associados a custos diretos consideráveis, por exemplo, gastos com saúde, e custos indiretos, por exemplo, perda de produtividade. Estima-se que os gastos com saúde associados ao sobrepeso e obesidade representam 2% a 8% dos gastos totais com saúde. Há alguns anos, 5% das mortes em todo o mundo foram atribuídas à obesidade. Diante disso, a literatura mostra que a perda de peso modesta que varia entre 5% e 10% é considerada clinicamente importante, uma vez que reduz os fatores de risco cardiometabólicos e melhora as comorbidades relacionadas à obesidade em pacientes com sobrepeso ou obesidade. Por outro lado, a grande perda de peso, quando se tem uma redução de mais de 10%, pode ser necessária para alcançar melhorias em certas complicações relacionadas ao peso, como apneia do sono, ou para a maioria dos pacientes com DM2. Nesse sentido, é importante destacar que os benefícios da grande perda de peso foram observados em pacientes com uma variedade de complicações relacionadas ao sobrepeso e à obesidade, incluindo DM2, pré-diabetes, síndrome metabólica, osteoartrite do joelho e subfertilidade. Destaca-se que as grandes perdas de peso foram alcançadas por meio de cirurgia bariátrica, modificações no estilo de vida ou farmacoterapia.  Remissão do Diabetes Tipo 2 e Obesidade Estudos mostram que após a cirurgia bariátrica, adultos com obesidade atingem uma perda média de peso de 20% a 35% e com isso apresentam reduções na na glicemia de jejum, insulina e incidência de DM2 em 2 a 3 anos. Exemplificando, uma revisão sistemática e metanálise mostraram que, após banda gástrica ajustável laparoscópica e cirurgia bariátrica revisional, quase metade dos pacientes, ou seja 46,5%, apresentaram remissão do diabetes.  Além disso, os pacientes que usam medidas de estilo de vida para controle de peso geralmente obtiveram menor média de perda de peso do que aqueles submetidos à cirurgia bariátrica, com melhoras modestas no metabolismo da glicose.  Por outro lado, a farmacoterapia também apresentou resultados benéficos relacionados à perda de peso e a remissão do diabetes tipo 2. Em outras palavras, o uso de fentermina/topiramato 15/92 mg uma vez ao dia foi associado a uma perda de peso média de 10,5% após 2 anos. Como resultado, dentre os pacientes que tinham DM2 no início do estudo, após o tratamento com fentermina/topiramato 15/92 mg observou-se alterações nos níveis de glicemia em jejum, insulina e na hemoglobina glicada. Outrossim, a semaglutida subcutânea (2,4 mg) uma vez por semana foi associada a uma perda de peso média de 14,9% após 68 semanas. Como resultado foram observados no grupo controle melhorias na glicemia de jejum e hemoglobina glicada, bem como os pacientes com pré-diabetes no início do estudo haviam revertido para normoglicemia na semana 68. Table of Contents Toggle Obesidade e Risco para Doença Cardiovascular Obesidade e Osteoartrite  Obesidade, Fertilidade e Gravidez  Prática Clínica Referências Bibliográficas Obesidade e Risco para Doença Cardiovascular A perda de peso significativa obtida por meio da cirurgia foi associada a melhorias a longo prazo na pressão arterial e nos perfis lipídicos. Em outras palavras foi observado uma melhora na pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, nos níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade, colesterol de lipoproteína de alta densidade e triglicerídeos no grupo submetido a cirurgia de bypass gástrico comparado com controles sem cirurgia por até 12 anos. Em alguns casos além da melhora foi relatada melhora na resolução de comorbidades como hipertensão e dislipidemia a cirurgia bariátrica.  Apesar da perda de peso observada na cirurgia bariátrica aparentemente apresentar maiores efeitos sobre os fatores de risco cardiovascular, também foram observados benefícios relacionados à grande perda de peso após a modificação do estilo de vida. Após sessões individuais de educação comportamental e aconselhamento dietético, observou-se uma redução significativa das concentrações de triglicerídeos e ácidos graxos livres desde o início da intervenção.  Farmacologicamente, o uso de fentermina/topiramato 15/92 mg uma vez ao dia melhorou os níveis de colesterol e triglicerídeos em comparação com placebo em pacientes com sobrepeso ou obesidade. Assim como, a semaglutida 2,4 mg uma vez por semana melhorou os níveis de colesterol, triglicerídeos, ácidos graxos livres e pressão arterial em comparação com placebo nos mesmos pacientes.  Obesidade e Osteoartrite  A literatura mostra que em pacientes com sobrepeso ou obesidade e osteoartrite do joelho a perda média de peso de 10% ou mais, obtida por meio de dieta e/ou exercício, levou uma menor sobrecarga na articulação do joelho, menos inflamação sistêmica e redução da dor no joelho. Exemplificando, em um estudo com idosos sedentários com sobrepeso ou obesidade e osteoartrite do joelho, os maiores benefícios foram observados entre os pacientes com perda de peso maiores que 10%.  Obesidade, Fertilidade e Gravidez  Após a intervenção cirúrgica de bypass gástrico (RYGB) em pacientes com obesidade e uma consequente significativa perda de peso, foram observados melhorias nos hormônios sexuais e na função sexual. Em outras palavras, em homens com obesidade grave, o aumento do IMC foi associado a níveis mais baixos de testosterona e redução dos escores de qualidade de vida sexual, os quais melhoraram entre aqueles que perderam peso por meio de RYGB. Por outro lado, nas mulheres a cirurgia bariátrica associou-se a melhorias na duração e regularidade do ciclo menstrual, nas taxas de concepção e nas taxas de gravidez. Em relação a mudança do estilo de vida em mulheres com obesidade grave e subfertilidade anovulatória, a intervenção intensiva para perda de peso com base em uma dieta muito baixa em energia foi associada à perda de peso de 13% e melhora nos resultados metabólicos e ovulatórios. Vale destacar que existem diferenças na perda de peso de acordo com o tipo de intervenção usada, apesar disso a perda de peso tem benefícios importantes em pessoas com sobrepeso ou obesidade, independentemente da abordagem.  Prática Clínica Em pessoas com sobrepeso ou obesidade, a perda de peso de 10% ou mais traz benefícios importantes, independentemente da abordagem de perda de peso. Com isso, na prática clínica sugere-se que a perda de peso de 10% ou mais deve ser objetivada no tratamento quando a perda de peso inferior a isso não resulta em efeitos benéficos suficientes para a saúde. Referências Bibliográficas Sugestão de leitura: Diabetes, Obesidade e Ozempic: O que você precisa saber? Assista ao vídeo na plataforma Science Play: GLP-1 no Tratamento da Obesidade: Como os prebióticos podem ajudar? Artigo Perda de peso de 10% : Tahrani AA, Morton J. Benefits of weight loss of 10% or more in patients with overweight or obesity: A review. Obesity (Silver Spring). 2022;30(4):802-840. doi:10.1002/oby.23371 Classifique esse post #DM2 #diabetes #doencacardiovascular #perdadepeso #cirurgiabariatrica #dislipidemia #obesidade #diabetemellitustipo2 #emagrecimento