Os probióticos têm sido utilizados no tratamento de uma variedade de doenças há décadas. Essa forma de tratamento foi proposta pela primeira vez no início do século XIX, com base em observações de uma diminuição da população de bifidobactérias em crianças com diarreia, sugerindo que a ingestão oral dessas bactérias poderia repor essa subpopulação da microbiota e melhorar a saúde. Desde então, estudos têm mostrado modificações na microbiota intestinal ou cutânea no decorrer de várias doenças e sugerido efeitos positivos de certos probióticos. No entanto, a maioria dos estudos não relatou nenhum impacto na microbiota.
Probióticos e a Microbiota Intestinal
O impacto dos probióticos, assim como das bactérias que colonizam os alimentos, não reside em sua capacidade de se fixar na microbiota, mas sim em compartilhar genes e metabólitos, apoiar uma microbiota desafiada e influenciar diretamente as células epiteliais e imunológicas. Essas observações sugerem que os probióticos podem estar associados a medicamentos convencionais para resistência à insulina, doenças infecciosas, doenças inflamatórias e distúrbios psiquiátricos, além de poderem interferir no metabolismo de medicamentos.
No entanto, diante da infinidade de cepas e associações de probióticos produzidos em condições que não permitem comparações diretas, ainda é difícil saber se um paciente se beneficiaria ao tomar um determinado probiótico. Em outras palavras, embora sejam observados vários mecanismos ao estudar uma única cepa probiótica, nem todas as cepas individuais são esperadas para ter os mesmos efeitos.
Uso de Probióticos na Literatura Científica
Os estudos sobre probióticos têm revelado uma série de efeitos benéficos associados a esses micro-organismos, mas é importante ressaltar que cada cepa probiótica pode ter propriedades distintas. Algumas cepas podem auxiliar na regulação do sistema imunológico, reduzir a inflamação, fortalecer a barreira intestinal e até mesmo modular o humor e o bem-estar mental. No entanto, outras cepas podem não apresentar esses benefícios específicos.
Além disso, é fundamental destacar que seus efeitos na microbiota não se limitam apenas à colonização dessas bactérias no trato gastrointestinal. Os probióticos também interagem com a microbiota residente, compartilhando genes e metabólitos que podem influenciar positivamente a saúde. Essa interação complexa entre probióticos e microbiota é um campo de pesquisa em constante evolução, e mais estudos são necessários para compreender completamente os mecanismos subjacentes e identificar quais cepas probióticas são mais eficazes para determinadas condições de saúde. Embora os probióticos tenham demonstrado ter efeitos benéficos sobre a microbiota em alguns estudos, ainda há muito a ser explorado nesse campo. Cada cepa probiótica pode ter propriedades distintas e nem todas as cepas terão os mesmos efeitos em todos os indivíduos.
Prática Clínica
A utilização de probióticos tem se tornado cada vez mais comum como uma abordagem complementar no tratamento de diversas condições de saúde. No entanto, é importante ressaltar que a prescrição de probióticos deve ser feita de forma criteriosa e embasada em evidências científicas atualizadas. Os profissionais desempenham um papel fundamental na avaliação individual do paciente, levando em consideração fatores como a condição de saúde específica, a cepa probiótica mais adequada, a dosagem e a duração do tratamento. Além disso, a monitorização regular do paciente é essencial para avaliar a eficácia e fazer os ajustes necessários. A prática clínica deve ser baseada em uma abordagem personalizada, levando em conta as necessidades e características únicas de cada indivíduo, garantindo assim a segurança e a eficácia do uso de probióticos como parte integrante do plano terapêutico.
Referências Bibliográficas
Sugestão de estudo: Probióticos e prebióticos na síndrome do intestino irritável
Assista o vídeo na Science Play com Geovanna Leite: O que são e como agem os probióticos?
Artigo: Microbiota e probióticos – Wieërs G, Belkhir L, Enaud R, et al. How Probiotics Affect the Microbiota. Front Cell Infect Microbiol. 2020;9:454. Published 2020 Jan 15. doi:10.3389/fcimb.2019.00454
