A dieta de eliminação empírica intensificada é o padrão-ouro atual para uma abordagem dietética em pacientes com esofagite eosinofílica. Leite, seguido de trigo, ovo e soja, são os alimentos mais frequentes que desencadeiam esofagite eosinofílica em pacientes pediátricos e adultos. Mas qual tratamento dietético para esofagite eosinofílica?
O que é a esofagite eosinofílica?
A esofagite eosinofílica é uma doença crônica induzida por antígeno alérgico, limitada ao esôfago, caracterizada por sintomas de disfunção esofágica e inflamação esofágica predominantemente eosinófila. É considerada uma doença desencadeada principalmente por antígenos alimentares. Os testes de alergia alimentar disponíveis na prática clínica (exames de sangue baseados em IgE contra alimentos, testes de contato atópico, testes cutâneos) não preveem com precisão os alimentos desencadeantes que causam esofagite eosinofílica em crianças ou adultos. Uma vez que, trata-se de uma condição alérgica não mediada por anticorpos IgE.
Dieta de eliminação empírica intensificada
Atualmente, o tratamento dietético para esofagite eosinofílica consiste na eliminação dos alimentos mais comuns que desencadeiam o quadro. Em 2006, uma nova dieta empírica eliminando seis grupos de alimentos (leite, trigo, ovo, soja/leguminosas, nozes, peixe/frutos do mar) que representavam a maioria das reações alimentares localmente, levou à remissão histológica completa em três de quatro pacientes pediátricos com esofagite eosinofílica. Após a validação desses resultados pediátricos iniciais e em dois grandes estudos em adultos, a restrição desses 6 grupos tornou-se o padrão para terapia dietética na prática clínica. No entanto, peixes/frutos do mar e nozes desempenharam um papel insignificante como alimentos causadores após a reintrodução.
Diante disso, após essas descobertas, uma nova dieta de eliminação de quatro alimentos foi desenvolvida apenas eliminando os quatro grupos de alimentos mais comuns (Leite, trigo, ovo e soja). Curiosamente, o leite foi o único alimento causador em até 55% dos pacientes. Portanto, estudos provaram que cerca de metade dos respondedores tinham, na verdade, um ou dois gatilhos alimentares (geralmente leite e trigo), então eles poderiam ter alcançado a remissão histológica começando com um esquema alimentar mais simples: uma dieta de eliminação de dois alimentos apenas.
Sendo assim, uma dieta de eliminação empírica progressiva, a partir de um ou dois grupos de alimentos, é o padrão-ouro atual para uma abordagem dietética em crianças e pacientes adultos com esofagite eosinofílica. Portanto, evitar alimentos desencadeantes de maneira muito restrita pode ser problemático a longo prazo, até mesmo inviável com vários alimentos desencadeantes.
Prática clínica
Uma dieta de eliminação empírica progressiva é recomendada para terapia dietética, sendo a restrição de leite e trigo as mais comuns. Em caso de não remissão, a restrição de ovo e soja também podem ser levadas em consideração. A isenção do contato com determinados alimentos deve ser cuidadosamente discutida com pacientes e pais e aconselhada por nutricionistas. A desnutrição não é comum em pacientes com esofagite eosinofílica e provavelmente está relacionada a comorbidades concomitantes mediadas por IgE e não mediadas por IgE.
Referências bibliográficas
Sugestão de estudo: Qual o papel da nutrição no desenvolvimento e manejo da alergia alimentar?
Assista o vídeo na Science Play com Gabriel de Carvalho: Alergias alimentares e nutrição
Artigo: Esofagite eosinofílica – Molina-Infante J. Nutritional and Psychological Considerations for Dietary Therapy in Eosinophilic Esophagitis. Nutrients. 2022; 14(8):1588. https://doi.org/10.3390/nu14081588