A artrite reumatoide é uma doença autoimune e inflamatória crônica, caracterizada por envolvimento das articulações, com destruição progressiva de cartilagens e ossos. Nos últimos anos, um número crescente de estudos sugeriu que a dieta tem um papel central no risco e progressão da doença. Vários nutrientes, como ácidos graxos poliinsaturados, apresentam propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, apresentando um papel protetor para o desenvolvimento. Mas será que a dieta pode influenciar a artrite reumatoide?
A carne vermelha e sal, têm efeito prejudicial. Além disso, a alteração da microbiota intestinal e as modificações da composição são mecanismos indiretos de como a dieta influencia o início e a progressão da artrite reumatoide. Possíveis efeitos protetores de alguns padrões alimentares e suplementos, como a dieta mediterrânea, vitamina D e probióticos podem ser uma possível terapia adjuvante futura.
Dieta pode influenciar a artrite reumatoide?
Os hábitos alimentares podem representar tanto risco de doença quanto fator de proteção, com base nas propriedades de alimentos específicos. Escolhas dietéticas específicas podem, de fato, mostrar efeitos pró-inflamatórios (por exemplo carne vermelha, sal, ingestão calórica excessiva) ou, pelo contrário, reduzir a inflamação (óleo, peixe gordo, fruta e outros). A distribuição de prevalência de artrite reumatóide mostra um maior número de pacientes com em países ocidentais, em oposição ao mundo oriental e países em desenvolvimento. A dieta ocidental, caracterizada por uma alta ingestão de carne vermelha, gorduras saturadas e trans, uma baixa proporção de ômega-3:ômega-6 e alto consumo de carboidratos refinados, tem sido associada a um aumento do risco. Uma vez que, há um aumento da inflamação e uma indução de resistência à insulina e obesidade. Além disso, a dieta representa um fator importante que influencia a composição da microbiota, que esteve envolvida no desenvolvimento da doença.
Recomendação dietética
Considerando evidências, hábitos alimentares saudáveis podem representar uma ferramenta útil para a redução do risco da artrite reumatoide. Bem como, as comorbidades relacionadas e progressão, atividade da doença. A dieta do mediterrâneo é o padrão alimentar mais incentivado, aliada a um elevado consumo de peixe (sardinha, salmão, robalo e truta) pelas suas conhecidas propriedades anti-inflamatórias. A ingestão de carne vermelha deve ser limitada (1-2/mês), o consumo de azeite deve ser diário, juntamente com o consumo de 1–2/semana de peixe gordo, semanalmente e alto consumo de grãos integrais, leguminosas, 5 ou mais frutas e legumes por dia, de preferência sazonais. Bebidas açucaradas, sal, álcool e café devem ser evitados ou apenas consumidos moderadamente. Além disso, a atividade física e um estilo de vida saudável deve ser combinado com padrões alimentares, para atingir um peso corporal ideal. A suplementação de vitamina D é importante para a saúde óssea, por suas propriedades anti-inflamatórias e potencialmente por seu efeito benéfico na atividade da doença.
Prática clínica
A evidência do impacto da dieta na atividade da artrite reumatoide, juntamente com o papel da microbiota na patogênese da doença e os efeitos benéficos dos nutrientes na inflamação e imunidade, sublinham a importância de definir o melhor estilo de vida nutricional em pacientes acometidos. As primeiras manifestações podem ser potencialmente retardadas com intervenções dietéticas, com base no efeito benéfico de ácidos graxos poli-insaturados/ácido oleico. Os efeitos a longo prazo dessas manipulações dietéticas podem ajudar na redução da atividade da doença, retardando a progressão.
Referências bibliográficas
Sugestão de estudo: Efeitos de dietas anti-inflamatórias nas dores provocadas pela artrite reumatóide
Assista o vídeo na Science Play com Denise de Carvalho: O intestino e os gatilhos inflamatórios para doenças autoimunes
Artigo: Artrite reumatóide – Gioia, C.; Lucchino, B.; Tarsitano, M.G.; Iannuccelli, C.; Di Franco, M. Dietary Habits and Nutrition in Rheumatoid Arthritis: Can Diet Influence Disease Development and Clinical Manifestations? Nutrients 2020, 12, 1456. https://doi.org/10.3390/nu12051456